Peço desculpa aos que visitam este modesto espaço na expectativa de ver algo de interesse e não encontram nada desde alguns dias, diria mesmo semanas. Pesaram que nada se passa ou então o que se passa? É simples. Por um lado tenho experimentado algumas coisas novas que ainda carecem de aperfeiçoamento antes de publicar e por outro lado a minha actual actividade profissional tem-me ocupado o meu tempo e a minha energia para cozinhar. felizmente. Assim que o tempo libre me permitir, publicarei umas modestas receitas de cozinha sustentável.
"A cozinha é o mundo mais fascinante da casa, o mais colectivo, um espaço que reúne sobrevivência, prazer, refinamento e civilização". Nélida Piñon
quarta-feira, 5 de junho de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Molho bechamel
…ou molho
branco.
É
a rainha dos molhos brancos ou o rei, conforme o país.
Deve
o seu nome a Louis Béchameil cozinheiro do rei Louis xiv. No entanto, este
molho tem como base outro feito de creme por François Pierre de la Varenne, que
nasceu em 1618 em Dijon, onde morreu em 1678. La Varenne foi autor duma obra
capital na transformação da cozinha francesa; “Cuisineir François”, livro que marca
a passagem da cozinha medieval da época à grande cozinha moderna. Nela propôs abandonar
os alimentos exageradamente condimentados pelas espécies de origem exóticos e
em seu lugar, degustar o sabor natural dos alimentos temperados com ervas aromáticas
de origem local: salsa, tomilho, louro, estragão, etc.
Destes
dois personagens falarei noutra ocasião.
Convém
realçar que o molho bechamel serve de base as outras variantes de molhos que
por vezes são chamadas de “bechamel à minha moda”. O bechamel base é simples:
manteiga, farinha, cebola, louro, cravinho, sal, pimenta e noz-moscada. O modo
de preparação consiste em: com a farinha e a manteiga fazer uma embamata, aparte
ferver o leite com a cebola, o cravinho e o louro, coar e juntar à embamata,
ferver de novo e no fim temperar. Com a adição de outros ingredientes estaremos
a fazer uma variante, como molho mornay, molho soubise ou molho de salsa. Por vezes
há quem prepare o bechamel com um refogado de cebola em manteiga, mas neste
caso a utilizar a base para preparar um velouté, molho que se assemelha ao
bechamel.
Aquilo
que define um bom bechamel é a lisura e o brilho de preparado. A seguir temos
as opções de textura conforme o fim a dar-lhe: bechamel liquido, bechamel médio
e bechamel espesso, sendo a quantidade de manteiga e farinha em função à
quantidade de leite que define a textura.
Para terminar, bechamel líquido
é ideal para cobrir ligeiramente legumes, peixe e carnes. O bechamel médio
também se presta a mesma utilização, mas também para servir de base a outros
molhos e para gratinados e lasanhas. O bechamel espesso é utilizado em
recheios ou soufflé.
domingo, 19 de maio de 2013
Juan Mari Arzak..
Entrevista dada ao Jornal Público em 05.01.2011 Por David Lopes Ramos
Juan Mari Arzak, chefe de cozinha
basco, é considerado o pai do movimento de renovação da cozinha espanhola, hoje
na vanguarda da culinária mundial. Entrevistado para o P2, recorda como tudo
começou, fala sobre o que é preciso para se ser grande na cozinha, do trabalho
com a sua filha Elena e da grande amizade com Ferrán Adrià: "Ele faz uma
cozinha única, de Plutão."
Olhem para este
homem de 68 anos, de olhar vivíssimo e verbo fácil. É o chefe de cozinha Juan
Mari Arzak, basco, o primeiro a alcançar em Espanha, em 1989, as três estrelas
Michelin, o mais cobiçado galardão de um restaurante que se preze. O
restaurante, que se mantém no lugar da antiga taberna da família, fundada pelos
seus avós e continuada por seus pais, chama-se Arzak e localiza-se na cidade de
San Sebastián/Donostia. Juan Mari pode gabar-se de ser o único chefe de cozinha
da história a estar há mais de 30 anos na vanguarda culinária (desde 1976).
Pode gabar-se, mas não o faz. Na conversa que mantivemos, em Novembro, em Cascais, onde se deslocou a convite da organização do Estoril Film Festival, para abordar o tema A arte de cozinhar, ficção ou realidade após a exibição do filme O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela (Peter Greenaway, 1989), Juan Mari Arzak garantiu, porém, que não lhe parece "complicado" manter-se nessa condição, embora se tenha "que gostar": "Os grandes sábios do mundo, os prémios Nobel, são, regra geral, os mais velhos. Então, eu, cozinheiro, também posso ser assim."
Diz, do seu restaurante, que é "um pequena casa" herdada dos pais, que ganhou "grande notoriedade com a ajuda da comunicação social". "Tornámo-nos até uma actividade atractiva para os jovens." Se Juan Mari Arzak o afirma, é porque é verdade. Mas o mais importante é o que se segue: "Quem se quiser dedicar a esta profissão tem que amar a cozinha, ser humilde e gostar verdadeiramente do que está a fazer. Não se pode ter uma ambição mal direccionada. Eu ambiciono saber sempre mais. Não quero ser o melhor de todos. Bom, sim, é ter a ambição de fazer o melhor possível."
O Arzak é, segundo o seu proprietário, um lugar onde se serve comida, cuja maior ambição é que as pessoas saiam satisfeitas, alegres. "Isso é o que pretendemos. Trata-se de uma espécie de intercâmbio: pagam-me, é verdade, e eu sirvo a melhor comida possível." Juan Mari reconhece que o seu não é um restaurante para todos os dias. "O Arzak é um restaurante de alta cozinha. Vai-se lá para se comer um menu de degustação e não um prato popular. Há, em San Sebastián, algo que é único: não há restaurantes para ricos e restaurantes para pobres. Os que têm menos possibilidades económicas poupam e vão uma vez por ano. Todos: estudantes, camponeses, pescadores... San Sebastián é o único lugar do mundo onde os populares vão comer aos restaurantes três estrelas. É uma cidade onde não há diferenças sociais acentuadas."
Perguntar tudo
Arzak classifica a sua cozinha como "de autor". "Da minha filha Elena e minha. Tal quer dizer que todos os pratos que servimos não se comem em mais lado nenhum. Falo dos da nossa autoria, pois também servimos os que chamo "os Nobel da cozinha basca", os pratos de sempre, como as kokochas [formações gelatinosas da goela das pescadas e do bacalhau] ou os chipirones [chocos]. A nossa cozinha tem espírito basco, está ligada a uma cultura, a uma herança específica. Nesse sentido, sou contra a globalização. Quando se come no Arzak, tem-se a garantia de que se vai comer uma coisa única, diferente."
Mas há mais, explica Juan Mari: "A nossa cozinha é evolutiva, de investigação e de vanguarda. No 2.º andar do nosso restaurante, temos um laboratório onde trabalham Xabier Gutierréz e Igor Zalakain, que não sabem nada do que se passa no restaurante. Eles criam novos pratos. A Elena prova-os, eu também os provo e a decisão final é minha. A nossa preocupação e objectivo são a renovação constante. É difícil. Se não sai bem, não chega à mesa. Preferimos manter os pratos antigos. A alta cozinha de evolução está muito avançada. E o gosto das pessoas não avançou à mesma velocidade. Por isso é difícil. Toda a evolução é difícil."
Pode gabar-se, mas não o faz. Na conversa que mantivemos, em Novembro, em Cascais, onde se deslocou a convite da organização do Estoril Film Festival, para abordar o tema A arte de cozinhar, ficção ou realidade após a exibição do filme O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela (Peter Greenaway, 1989), Juan Mari Arzak garantiu, porém, que não lhe parece "complicado" manter-se nessa condição, embora se tenha "que gostar": "Os grandes sábios do mundo, os prémios Nobel, são, regra geral, os mais velhos. Então, eu, cozinheiro, também posso ser assim."
Diz, do seu restaurante, que é "um pequena casa" herdada dos pais, que ganhou "grande notoriedade com a ajuda da comunicação social". "Tornámo-nos até uma actividade atractiva para os jovens." Se Juan Mari Arzak o afirma, é porque é verdade. Mas o mais importante é o que se segue: "Quem se quiser dedicar a esta profissão tem que amar a cozinha, ser humilde e gostar verdadeiramente do que está a fazer. Não se pode ter uma ambição mal direccionada. Eu ambiciono saber sempre mais. Não quero ser o melhor de todos. Bom, sim, é ter a ambição de fazer o melhor possível."
O Arzak é, segundo o seu proprietário, um lugar onde se serve comida, cuja maior ambição é que as pessoas saiam satisfeitas, alegres. "Isso é o que pretendemos. Trata-se de uma espécie de intercâmbio: pagam-me, é verdade, e eu sirvo a melhor comida possível." Juan Mari reconhece que o seu não é um restaurante para todos os dias. "O Arzak é um restaurante de alta cozinha. Vai-se lá para se comer um menu de degustação e não um prato popular. Há, em San Sebastián, algo que é único: não há restaurantes para ricos e restaurantes para pobres. Os que têm menos possibilidades económicas poupam e vão uma vez por ano. Todos: estudantes, camponeses, pescadores... San Sebastián é o único lugar do mundo onde os populares vão comer aos restaurantes três estrelas. É uma cidade onde não há diferenças sociais acentuadas."
Perguntar tudo
Arzak classifica a sua cozinha como "de autor". "Da minha filha Elena e minha. Tal quer dizer que todos os pratos que servimos não se comem em mais lado nenhum. Falo dos da nossa autoria, pois também servimos os que chamo "os Nobel da cozinha basca", os pratos de sempre, como as kokochas [formações gelatinosas da goela das pescadas e do bacalhau] ou os chipirones [chocos]. A nossa cozinha tem espírito basco, está ligada a uma cultura, a uma herança específica. Nesse sentido, sou contra a globalização. Quando se come no Arzak, tem-se a garantia de que se vai comer uma coisa única, diferente."
Mas há mais, explica Juan Mari: "A nossa cozinha é evolutiva, de investigação e de vanguarda. No 2.º andar do nosso restaurante, temos um laboratório onde trabalham Xabier Gutierréz e Igor Zalakain, que não sabem nada do que se passa no restaurante. Eles criam novos pratos. A Elena prova-os, eu também os provo e a decisão final é minha. A nossa preocupação e objectivo são a renovação constante. É difícil. Se não sai bem, não chega à mesa. Preferimos manter os pratos antigos. A alta cozinha de evolução está muito avançada. E o gosto das pessoas não avançou à mesma velocidade. Por isso é difícil. Toda a evolução é difícil."
Ainda sobre o processo criativo: "Num restaurante, a
equipa é fundamental. Sem a minha equipa não seria nada. Eu e a minha filha
Elena. A equipa do Arzak está junta há muito tempo. As pessoas sentem-se
realizadas profissional e pessoalmente. A Elena e eu formamos um tandem. Não é
fácil de explicar. Sem nós, a nossa cozinha não existiria. Os pratos criamo-los
entre os dois. Ela diz-me: "Esta erva aqui não fica bem." Eu
digo-lhe: "Este peixe à la plancha [na chapa] ficava melhor." E
fazemos novas experiências. Se não chegamos a acordo em relação a um prato
novo, ele não vai à mesa. Eu ou ela dizemos: "Há que esperar mais algum
tempo.""Atendendo à relevância da sua carreira como chefe de cozinha,
não admira que Juan Mari Arzak tenha ideias muito claras sobre o tema: "Há
uma coisa muito importante para se ser um grande cozinheiro: tem que se
estudar. Primeiro, cultura geral, o que em Espanha quer dizer tirar um
bacharelato; depois, fazer-se um curso numa escola de hotelaria; e, então,
viajar e praticar em diferentes cozinhas, trabalhar. Há que olhar o mundo com
olhos de cozinheiro. Saímos para a rua e devemos estar atentos a tudo: aos
novos produtos, mas também às campanhas publicitárias que os promovem. Em
relação aos novos produtos, interrogarmo-nos: "O que poderei ou não fazer
com isto na cozinha?" Devemos ter capacidade de assombro! Capacidade de
nos espantarmos. Para se ser grande na cozinha há uma coisa imprescindível:
pensar como uma criança. As crianças são pura imaginação. Nunca fazem uma coisa
da mesma maneira. Há que ter espírito de criança. A cozinha é liberdade. Se não
gostas do que alguém faz, deixa-o sossegado. Não te metas com ele. Não
manifestes publicamente a tua discordância. Olha outra vez para o que ele faz e
pode ser que aprendas. Tem que se ser humilde. Eu sei de cozinha, mas não sou
um deus. Sou é muito curioso e muito perguntador. E não tenho dúvidas em
perguntar tudo."
Uma cozinha para todos
O caminho de Arzak para o estrelado culinário iniciou-se quando ele, para grande desgosto da mãe, Francisca Arratibel, uma famosa cozinheira popular no restaurante da família, cuja fundação remonta a 1897, decidiu trocar o curso de Arquitectura ("era um aluno mediano") pelo da Escola de Hotelaria de Madrid. Concluída a aprendizagem, ala para França, onde trabalhou com alguns dos mais importantes chefes de cozinha gauleses. Regressou em 1966, com 24 anos, mas só em 1976 se deu e epifania. Arzak, o seu amigo Pedro Subijana - também com três estrelas Michelin no restaurante Akelare -, mais uns quantos, e a revista Gourmet organizaram uma mesa-redonda para falar da renovação da cozinha basca. Convidaram, para o efeito, alguns grandes de França, como Paul Bocuse e Raymond Olivier.
Recorda Juan Mari: "Pela primeira vez na minha vida fui convidado para dar uma conferência. O acontecimento foi um êxito. Estava com Pedro Subijana. Ouvimos Bocuse falar da filosofia da sua cozinha, conceito para nós novo e nada claro. Foi então que combinámos: vamos iniciar uma revolução da nossa cozinha, encarada esta como parte da cultura do povo. Juntámos 12 pessoas de San Sebastián e arredores e explicámos publicamente que não se tratava de ganhar dinheiro, mas para deixar claro que a cozinha faz parte da cultura de um povo. Os 12 convidámos para os nossos restaurantes jornalistas, especialistas e outros interessados e organizámos colóquios para explicar a nova filosofia da nossa cozinha. Ao fim de um ano, verificámos que tínhamos criado uma elite, mas esse não era o nosso objectivo. Começámos a ir às aldeias e explicámos às pessoas as nossas ideias sobre a nossa cozinha, sublinhando que não tinha que ser elitista, bem pelo contrário, que era para todos."
Uma cozinha para todos
O caminho de Arzak para o estrelado culinário iniciou-se quando ele, para grande desgosto da mãe, Francisca Arratibel, uma famosa cozinheira popular no restaurante da família, cuja fundação remonta a 1897, decidiu trocar o curso de Arquitectura ("era um aluno mediano") pelo da Escola de Hotelaria de Madrid. Concluída a aprendizagem, ala para França, onde trabalhou com alguns dos mais importantes chefes de cozinha gauleses. Regressou em 1966, com 24 anos, mas só em 1976 se deu e epifania. Arzak, o seu amigo Pedro Subijana - também com três estrelas Michelin no restaurante Akelare -, mais uns quantos, e a revista Gourmet organizaram uma mesa-redonda para falar da renovação da cozinha basca. Convidaram, para o efeito, alguns grandes de França, como Paul Bocuse e Raymond Olivier.
Recorda Juan Mari: "Pela primeira vez na minha vida fui convidado para dar uma conferência. O acontecimento foi um êxito. Estava com Pedro Subijana. Ouvimos Bocuse falar da filosofia da sua cozinha, conceito para nós novo e nada claro. Foi então que combinámos: vamos iniciar uma revolução da nossa cozinha, encarada esta como parte da cultura do povo. Juntámos 12 pessoas de San Sebastián e arredores e explicámos publicamente que não se tratava de ganhar dinheiro, mas para deixar claro que a cozinha faz parte da cultura de um povo. Os 12 convidámos para os nossos restaurantes jornalistas, especialistas e outros interessados e organizámos colóquios para explicar a nova filosofia da nossa cozinha. Ao fim de um ano, verificámos que tínhamos criado uma elite, mas esse não era o nosso objectivo. Começámos a ir às aldeias e explicámos às pessoas as nossas ideias sobre a nossa cozinha, sublinhando que não tinha que ser elitista, bem pelo contrário, que era para todos."
O programa de acção, explica, assentava em três pontos:
"Recuperar os antigos pratos perdidos; lutar pelos produtos de qualidade;
fazer evoluir a cozinha basca e dá-la a conhecer ao mundo. O resultado do
movimento então iniciado é que somos, actualmente, os pontas-de-lança da
cozinha dos nossos dias. E somos os pontas-de- lança da cozinha moderna, de
vanguarda, e não da cozinha tradicional. No entanto, continuo a pensar que a
grande cozinha do mundo é a francesa. Estiveram um pouco adormecidos, mas já
estão a recuperar. Têm um conjunto de jovens cozinheiros muito bem preparados e
ambiciosos. Todos aprendemos as técnicas de cozinha com os
franceses."Perguntei a Arzak se é verdade, como se afirma, que o acto
fundador do movimento foi a proclamação, feita por ele e Subijana, de que as
kokochas se cozinhavam sem farinha. Juan Mari sorriu e confirmou: "Quer
dizer que o molho verde das kokochas, um clássico da cozinha basca, se faz
apenas com a gelatina delas e azeite. Esta proclamação inseria-se no nosso
programa de acção, ou seja, de que era preciso fazer as receitas muito bem
feitas. Segundo a tradição, a ligação do molho das kokochas era feita com
farinha. Nós experimentámos e verificámos que, além de bem ligado sem farinha,
o molho era ainda mais saboroso, mais leve e mais valorizador das qualidades do
produto."
Por outro lado, embora autor de um sem-número de novos pratos, "uma média de 40 por ano", Arzak afirma que, até agora, só um se impôs, o pastel de krabarroca (rascasso vermelho, por alguns chamado "galinha do mar"). "É o prato mais importante que fiz na minha vida e que pode passar à História. Todos o fazem: restaurantes, donas de casa e cozinheiros amadores e até o confeccionam nas cozinhas industriais."
O amigo Adrià
É pública a amizade de Arzak e Ferrán Adrià. Este último, no decurso do MadridFusión de 2007, chamou-lhe "mestre" em público. É notória a cumplicidade e admiração mútuas. Comenta Juan Mari: "É verdade. Contudo, ele é catalão e eu sou basco. Somos de culturas diferentes. Há 15, 20 anos, eu era o grão-guru e ninguém gostava da cozinha de Ferrán. Fui experimentar e não entendi nada. Mas percebi que tudo estava bem feito. Disse: "Há que deixá-lo livre; deixem-no fazer o que ele quiser." Tornámo-nos como irmãos. Viajamos muito juntos, vamos a concertos juntos, visitamo-nos, com as respectivas famílias, na casa um do outro. Somos amigos."Arzak compreende-o perfeitamente, diz. "Ele é encarado, hoje em dia, como o líder deste movimento culinário espanhol que deu volta ao mundo. Ele faz uma cozinha única, de Plutão. Trata-se da pessoa mais imaginativa que houve, há e haverá na história da cozinha. Ferrán só há um: não sabes se o que ele faz está bem ou está mal. Não tens fundamentos para o criticar, pois o que ele cria é sempre novo. A única coisa que podes dizer é que gostas ou não gostas. O novo projecto de Ferrán - ele fecha o El Bulli este ano - arrancará em 2014. Envolverá cozinheiros de todo o mundo, que vão cozinhar com ele. Eu também vou cozinhar e investigar com ele. Estou a pensar tirar uma semana por mês para o fazer. As outras três trabalharei no Arzak."
Por outro lado, embora autor de um sem-número de novos pratos, "uma média de 40 por ano", Arzak afirma que, até agora, só um se impôs, o pastel de krabarroca (rascasso vermelho, por alguns chamado "galinha do mar"). "É o prato mais importante que fiz na minha vida e que pode passar à História. Todos o fazem: restaurantes, donas de casa e cozinheiros amadores e até o confeccionam nas cozinhas industriais."
O amigo Adrià
É pública a amizade de Arzak e Ferrán Adrià. Este último, no decurso do MadridFusión de 2007, chamou-lhe "mestre" em público. É notória a cumplicidade e admiração mútuas. Comenta Juan Mari: "É verdade. Contudo, ele é catalão e eu sou basco. Somos de culturas diferentes. Há 15, 20 anos, eu era o grão-guru e ninguém gostava da cozinha de Ferrán. Fui experimentar e não entendi nada. Mas percebi que tudo estava bem feito. Disse: "Há que deixá-lo livre; deixem-no fazer o que ele quiser." Tornámo-nos como irmãos. Viajamos muito juntos, vamos a concertos juntos, visitamo-nos, com as respectivas famílias, na casa um do outro. Somos amigos."Arzak compreende-o perfeitamente, diz. "Ele é encarado, hoje em dia, como o líder deste movimento culinário espanhol que deu volta ao mundo. Ele faz uma cozinha única, de Plutão. Trata-se da pessoa mais imaginativa que houve, há e haverá na história da cozinha. Ferrán só há um: não sabes se o que ele faz está bem ou está mal. Não tens fundamentos para o criticar, pois o que ele cria é sempre novo. A única coisa que podes dizer é que gostas ou não gostas. O novo projecto de Ferrán - ele fecha o El Bulli este ano - arrancará em 2014. Envolverá cozinheiros de todo o mundo, que vão cozinhar com ele. Eu também vou cozinhar e investigar com ele. Estou a pensar tirar uma semana por mês para o fazer. As outras três trabalharei no Arzak."
domingo, 12 de maio de 2013
Esparguete à carbonara…
…ou spaghetti alla carbonara.
Cá esta mais um
prato envolvido em lendas e contradições sem se saber ao certo a origem dentro
do seu país, a Itália.
Se formos ao
encontro das origens do prato encontramos que o nome deriva de carvone, carvão,
e este aponta para os carbinai, os homens que preparavam o carvão vegetal nos
montes apeninos de região italiana da Úmbria. Mas encontramos também os que associam o nome à cor escura da pimenta recém moída e dos bocados
de toucinho fumado. Depois aparecem os apontam a carbonara
aos carbonari, sociedade secreta italiana. Mais recentemente entram em cena os
soldados americanos durante a segunda guerra mundial acampados na
Itália que nos intervalos da guerra, pediam nos restaurantes de Roma ovos,
bacon e massa e serviam-lhes tudo isto separado e eles que se desenrascassem,
claro que a fome era negra e para o tornarem mais saboroso, eles fartos de
guerra, misturavam tudo.
Outra fonte diz que o prato é de origem napolitana e vem das mãos do duque de Buonvicino Ippolito Cavalcanti, editor em 1837 do livro “A cozinha teórica e prática”. Dizem que nas primeiras edições do tal livro, já existiria uma receita muito parecida àquela que conhecemos hoje. No entanto, acho plausível que tenha sido depois da segunda guerra mundial que este prato te tornou popular, como de resto tantas outras coisas.
Outra fonte diz que o prato é de origem napolitana e vem das mãos do duque de Buonvicino Ippolito Cavalcanti, editor em 1837 do livro “A cozinha teórica e prática”. Dizem que nas primeiras edições do tal livro, já existiria uma receita muito parecida àquela que conhecemos hoje. No entanto, acho plausível que tenha sido depois da segunda guerra mundial que este prato te tornou popular, como de resto tantas outras coisas.
Mas
a história diz-nos que o esparguete é conhecido desde o século xv quando os
mercadores Pólo, de Nápoles, o trouxeram da China. A carne fumada é conhecida praticamente
desde o paleolítico superior, pois era um meio de conservação e a coalha de
leite é também muito primitiva. Ovos e azeite são conhecidos e utilizados há
muitos séculos. As necessidades de nutrição e variedade associado à inventiva
humana, terão misturado os ingredientes e com o decorrer do tempo surgiu este
preparado que no fundo é simples, básico e económico.
Ingredientes
para 1 pessoa
100
gr de massa, 80 gr de natas, 1 gema de ovo, 50 gr de bacon, 100 gr de
cogumelos, ¼ de cebola, 1 dente de alho, 1 colher de sopa de leite, cebolinho
picado, queijo ralado, azeite, sal e pimenta.
O
ponto crítico deste prato está no equilíbrio entre a cozedura da massa e o
preparado líquido.
Preparação
Refogar
a cebola e o alho, em lume médio, adicionar o bacon finamente picado, e
reservar até arrefecer.
Bater
as natas e a gema de ovo. Cozer o esparguete em água temperada com um fio de
azeite e seguindo as indicações do fabricante, mas o ponto de cozedura é de
acordo à qualidade do esparguete; acima do ponto “al dente”.
Entre
tanto juntar as natas e a gema batida ao refogado, e levar a lume médio para
engrossar; adicionar uma colher ou duas colheres de sopa de leite ao preparado caso
este esteja muito espesso.
Numa
travessa ou saladeira juntar esparguete e o preparado. No prato polvilhar com
cebolinho e queijo ralado.
É
um prato simples mas como disse antes o ponto crítico está entre a cozedura da
massa e o preparado líquido.
*Regra
básica: 5 partes de massa, 4 de natas e 3 de gema de ovo.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Conchigliones recheadas de carne à bolonhesa…
…e
montadas em pesto de rúcula.
Com
esta receita irei participar no passatempo do blogue Que massada.
As
massas fazem parte da minha vida desde a adolescência, quer por necessidades
alimentares associadas à época, quer por economia quando esta se impõe, quer
pela sua versatilidade. Podemos comer massa com quase tudo; queijo, claro, mas
com peixes, com bivalves, com os chamados frutos do mar, carnes, legumes,
frutos secos, eu sei lá com quantas coisas mais, mas aos poucos vou
experimentado.
Esta
receita é minha, só por um acaso se assemelhará a qualquer outra, mas quanto a isso posso
dormir tranquilo porque ninguém me virá pedir direitos de autor. Já a
experimentei com vários recheios; legumes e ervas aromáticas, tentáculos de
lulas e hoje recheadas de carne à bolonhesa, mas montada numa fina base de
pesto de rúcula.
Quanto
aos ingredientes para o pesto e a carne à bolonhesa o visitante encontrará
neste blogue as receitas, quanto à pasta basta coze-la seguindo as
recomendações do seu fabricante e depois é só fazer a montagem.
Optei
por cozer as massas e depois passa-las por água fria e reservar para evitar uma
cozedura excessiva, depois da montagem feita levei ao microondas para aquecer.
Num
prato colocar uma fina camada de pesto com uma colher, depois colocar sobre esta
as conchiglione e recear com a carne utilizando uma colher de sopa. Polvilhar
com queijo ralado, qualquer um, este é um prato de cozinha sustentável e levar
ao micro para aquecer.
Ce tout, bon appétit.
domingo, 28 de abril de 2013
Revoltillo de huevos…
…ovos
mexidos ou ainda se preferirem, des oeufs brouillées.
Contava
ter no frigorífico proteínas de origem animal para o jantar, carne, mas não, já
a tinha comido sem me lembrar. A falta de melhor, deitei mão a esta receita de
combate, comum a três culturas de influência latina: a nossa, a espanhola e como
uma desgraça nunca vem só, a francesa. Temos mais em comum do que parece, mas
isso fica para a próxima, para já, são os ovos mexidos para salvar a jantar da eremita.
Ingredientes.
3
ovos, 2 colheres de sopa de queijo ralado qualquer um, 120 gr de champignons de
Paris laminados, (cogumelos brancos) 20 gr de manteiga, salsa, cebolinho, azeite,
sal e pimenta moída de fresco ao gosto.
Preparação.
Bater
os ovos com sal e pimenta. Saltear os champignons numa sertã com um fio de
azeite e reservar. Na mesma sertã, ou noutra, em lume brando adicionar a
manteiga, ao derreter verter os ovos e espalhar suavemente o preparado pela
sertã com uma colher de pau e deixar cozer ligeiramente. Juntar a salsa e o
cebolinho picados e revolver com a colher de pau todo o preparado.
Servir
quente polvilhado com o queijo ralado. Acompanhei com pão frito em azeite de
alho.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Chutney de manda…
…e
a dificuldade de fazer um agridoce com a fruta indiana do amor.
Será
o amor o primeiro ingrediente? Bem, ele é o elemento primordial da vida, o
certo é que apesar da pouca dificuldade em fazer este agridoce, ele é difícil de
obter um resultado satisfatório.
Este
agridoce é de origem indiana, é usado para acompanhar com carnes assadas ou
grelhados, e é um dos principais símbolos da culinária indiana.
Uma lenda indiana conta que a primeira
mangueira nasceu das cinzas de uma princesa, que foi queimada por uma
feiticeira. O imperador se apaixonou pelas flores dessa mangueira e
consequentemente por seus frutos. Quando a manga amadureceu e caiu no chão, a
linda princesa emergiu de dentro da fruta. Por isso, a manga é considerada o
símbolo do amor na Índia.
A
qualidade da manga é essencial para o sucesso, mas a partir
desta altura do ano não é difícil de encontrar com qualidade, ou seja, maduras
e sumarentas.
Ingredientes.
420
gr de polpa de manga (manga limpa) cortada aos cubos médios, 120 gr de açúcar mascavado,
150 ml de vinagre de maça, 2 cm de gengibre, 1 dente de alho, 1 pau de canela,
2 cravos da índia, 1 colher de sopa de azeite, sal e pimenta moída de fresco ao
gosto.
Refogar
durante 2 minutos o alho e o gengibre, adicionar o vinagre, o açúcar, a manga,
temperar e deixar levantar fervura. De seguida reduzir para lume brando e
deixar cozer durante 50 minutos aproximadamente. Durante os primeiros 20
minutos tapado depois retirar o testo para que a calda engrosse.
Entretanto
esterilizar um frasco ou dois para reservar o chutney. Este preparado rende 650
ml, dependendo da manga.
domingo, 21 de abril de 2013
Pesto...
...à rúcula.
Podemos fazer pesto com várias ervas aromáticas, a mais comum é o basilico, mas fiz esta com rúcula que é muito usada para este efeito.
Ingredientes.
100 gr de rúcula, 2 dentes de alho, 2 colheres de sopa de pinhões, 75 ml de azeite 25 gr de parmesão, sal e pimenta.
Dentro do almofariz colocar o alho, o sal, uns grãos de pimenta e os pinhões ligeiramente dourados no forno e moer. Juntar a rúcula aos poucos e moer. Quando a rúcula estiver moída adicionar o queijo. Juntar o azeite gota a gota até o incorporar ao preparado. Uma vez obtida a consistência do preparado adicionar o restante azeite em fio.
Em vez do almofariz pode utilizar um liquificador.
Pode reservar no frigorifico durante alguns dias.
Podemos fazer pesto com várias ervas aromáticas, a mais comum é o basilico, mas fiz esta com rúcula que é muito usada para este efeito.
Ingredientes.
100 gr de rúcula, 2 dentes de alho, 2 colheres de sopa de pinhões, 75 ml de azeite 25 gr de parmesão, sal e pimenta.
Dentro do almofariz colocar o alho, o sal, uns grãos de pimenta e os pinhões ligeiramente dourados no forno e moer. Juntar a rúcula aos poucos e moer. Quando a rúcula estiver moída adicionar o queijo. Juntar o azeite gota a gota até o incorporar ao preparado. Uma vez obtida a consistência do preparado adicionar o restante azeite em fio.
Em vez do almofariz pode utilizar um liquificador.
Pode reservar no frigorifico durante alguns dias.
Crepes de couve recheada com ervas aromáticas..
A
couve recheada é um prato comum em muitos países do mundo principalmente os
Slavos. O tamanho do preparado e o recheio varia conforme o país. Em França a
chou farci é comum a várias regiões sendo as mais original a de
Poitou-Charentes.
Para
esta primeira experiência tomei como ponto de partida uma receita publicada no
site da revista marmiton. A receita é de origem irano-armeniana à qual aportei alguns
ingredientes e ao mesmo tempo enrolei a couve em forma de crepe. Com esta receita irei participar no passatempo http://maisumsobreculinaria.blogspot.fr/2013/04/6-aniversario-e-um-desafio.html
Ingredientes.
200
gr de cebola picada, 100 gr de arroz, 1 tomate, 200 gr de carne moída, 6 folhas
de couve verde, 10 cl de natas, água, azeite e sal q.b.
Da
minha parte adicionei um dente de alho, uma pitada de açafrão, piripiri, rás-al-hanot
e pimentão-doce.
Ervas
aromáticas.
Um
bom ramo de salsa, ½ de coentros, um pouco de cebolinho, duas folhas basilico e
duas de menta, tudo finamente picado.
Preparação.
Refogar
a cebola e o alho e adicionar o arroz. Envolver bem e deixar um pouco e juntar
o tomate limpo de pele e grainhas aos cubos, e a água em proporção duas vezes ao
arroz. De seguida juntar a carne moída. Temperar, envolver, tapar e cozer em
lume brando durante 12 minutos. Durante este tempo se adicionar uma ou duas
colheres de água quente ao preparo se achar necessário. No fim, adicionar as
ervas aromáticas mexer e reservar.
A
parte cozer as folhas da couve limpas do nervo central do talo, justo até estarem
ao dente, se preferir pode deixar cozer mais.
Depois
mete-se o recheio com uma colher de sopa no interior da couve e enrolasse
metendo os bordes laterais para dentro à medida que se enrola. Prende-se
com um palito.
No
fim coloca-las dentro numa panela com as natas e vai a cozer em lume muito brando durante
30 a 40 minutos, até as couves absorverem parte das natas e a restante
engrossar. Convém virar os crepes durante a cozedura.
E
pronto, servir quente com o molho da nata. Pode acrescentar um pouco de queijo parmesão ralado ou queijo da ilha, ou acompanhar com pesto.
domingo, 7 de abril de 2013
Cuscuz com molho à bolonhesa
Bem
isto foi tudo de enfiada, fiz o molho, e agora é pau para toda obra. Mas não
cedi à tentação de experimentar e ainda resta molho para outra experiencia.
Ingredientes
200
gr de cuscuz, 200 ml de água, sal, azeite e claro o molho.
Colocar
ao lume a água e temperada com sal. Medir ou pesar os cuscuz e verte-los dentro
de um recipiente. Ao levantar fervura despejar a água sobre os cuscuz mexer,
tapar e deixar que estes absorvam a água, 5 minutos.
Depois juntar o azeite e
com um garfo misturar bem. Devem ficar soltos e não demasiado engordurados.
Servir
quentes com o molho.
Curgete recheada com molho à bolonhesa.
A
receita do molho esta no post anterior.
Ingredientes
1
Curgete madura mas firme, queijo parmesão e molho à bolonhesa.
Preparação
A curgete é cortada ao meio longitudinalmente
e limpa de sementes com uma colher de sobremesa. Recheamos a cavidade com o
molho e levamos ao forno durante 30 minutos a 200º C. O ponto crítico é a
cozedura da curgete sem que ela perca a sua firmeza.
Servir
abundantemente salpicada com queijo parmesão.
É
uma boa entrada.
Carne à bolonhesa…
…ou molho à
bolonhesa.
Parece a mesma coisa, são duas coisas diferentes com algumas semelhanças. Como assim? Pois é, são as
contradições que surgem quando não conhecemos as bases. Carne à bolonhesa é a
receita de carne com molho de tomate. Molho à bolonhesa, é o molho de tomate
com carne; na primeira domina a carne e na segunda o tomate. Qual a melhor? As
duas para fins de gustativos diferentes.
Hoje
fiz pela primeira vez, a segunda, com algumas variações há receita, mas claro
que as modificações estão previstas nas leis da gastronomia.
Ingredientes para o molho à bolonhesa.
250
gr de carne vaca, 100 gr de bacon, 2 cebolas, 2 dentes de alho,450 gr de tomate
limpo, 1 dl de vinho tinto, 1 colher de café de concentrado de tomate, 4 folhas
de aipo, basilico seco e rosmaninho ao gosto, sal, pimenta e azeite q.b.
Preparação
Fazer
um refogado com a cebola e o alho durante cinco minutos. Adicionar o bacon e
pouco depois a carne. Envolver até a carne mudar de cor, de seguida adicionar o
tomate e evolver bem. Juntar o vinho e temperar. Deixar cozer até se dissipar o
cheiro do vinho, baixar o lume para médio baixo, tapar e deixar cozer. Mexer de
quando vez em. O tempo de cozedura depende de vários factores. Ir provando. No
fim da cozedura destapar para engrossar o molho.
sábado, 6 de abril de 2013
Carne de porco em cebolada e caril
L´cuisine
bouge toujours.
Inspirei-me
numa receita da minha mulher que a mãe lhe ensinou; bifinhos em cebolada. Não
me lembro em detalhe da receita delas, mas sei que era muito simples e
saborosa. Basicamente era a carne de porco destinada a fazer rojões cortada aos
cubos com cebola as rodelas e outros ingredientes tradicionais.
Mas
a cozinha mexe e muda a cada momento, a cada impulso inventivo, a cada necessidade
de prazer culinário, a cada mudança geracional, a cada época histórica; é isto
desde o paleolítico superior e hoje o planeta está rendido à culinária, atravessando
todas as classes sociais, mas em paralelo, a má nutrição mora ao lado.
Vamos
à receita.
Ingredientes
500
gr de carne de porco aos cubos (perna, mão), 250 gr de tomate limpo, 1 cebola
grande as meias luas, 3 dentes de alho, 2 dl de vinho branco, 1 folha de louro,
1 colher de sopa de caril, 2 hastes de tomilho fresco, alecrim seco, piri-piri,
pimentão doce, sal, azeite e água qb.
Preparação
É
preparado em frio. Dispor a cebola cortada as meias luas no fundo da panela, agregar
a carne, regar com o azeite e juntar os temperos, o vinho branco e envolver
bem. Adicionar a água sem cobrir a carne. Levar ao lume tapado até levantar
fervura e depois destapar durante uns minutos para o álcool do vinho se
evaporar. Baixar para lume médio e tapar. Trinta minutos bastam para cozer. Corrigir
os temperos e deixar repousar uns minutos antes de servir.
Acompanhei
com arroz. Mas com as sobras na refeição seguinte, fiz esparguete que fico
muito bom. Juntei água, ao levantar fervura, adicionei o esparguete, quando atingiu
o ponto “al dente” retirei do lume e deixei repousar uns instantes antes de
servir.
Vale
a pena repetir adicionando talvez leite de coco, ingrediente que acompanha
normalmente o caril.
sábado, 30 de março de 2013
O minestrone...
…e as
memórias da adolescência.
As
memórias que guardamos em adultos das diferentes etapas anteriores da vida são
responsáveis pelas decisões que tomamos, pelos estados mentais que temos e dos
gostos que defendemos.
No
início dos anos 70 em Venezuela, sim, a mesma onde o Chaves fez uma revolução
de 14 anos com o maravilhoso resultado final de 80 % da população a viver
abaixo do limite da pobreza, mas com comida, médico e tv, mas dizia, que via na
tv, a publicidade das sopas minestrone pronta a servir, das afamadas marcas
industriais que ainda hoje existem nas prateleiras. Não sei se alguma vez a
minha mãe a terá feito, melhor dito, terá misturado alguma sopa destas com água
quente numa panela, mas tenho boa memória e sei que não. No entanto, ficou a recordação
ao longo da vida e associo o minestrone a uma vida com qualidade, com
perspectivas e com crescimento económico. Pensaram alguns que vou anunciar aqui
uma poção mágica para contraria os dias que correm, não, irei só deixar uma
receita de minestrone feita a partir de várias consultas, mas como a comida tem
o poder de influenciar o espírito e estado anímico, quem sabe… não acredito em
bruxas, mas que as há, ah! Isso há.
Hoje
fiz e ficou muito boa, garanto-vos que sim; encorpada, com uma bela textura e
cor, sabor meio adocicado, quebrado pelo queijo, e pelos coentros picados, bem
nutriente e aqueceu-me os pés e o ânimo neste fim de Março frio. É fácil,
económica e rápida de fazer.
Ingredientes
1
Caldo de galinha diluído num litro de água, ½ alho francês finamente picado (só
a parte branca), 1 cenoura cortada em 4 longitudinalmente e depois picar
finamente, ½ cebola vermelha em meias luas, 2 ramos de aipo só o interior
branco, (guardar as folhas) 3 dentes de alho, 200 gr de tomate aos bocados com
a sua calda (neste caso utilizei de lata), 200 gr de feijão branco de lata t.b.,
200 gr de legumes de primavera optei por ultracongelado (ervilha, feijão verde,
cenoura mini, cebola), 1 batata vermelha aos cubos, 100 gr de bacon fumado
picado, 50 gr de massa cotovelinho, as folhas do aipo picadas, azeite, coentros
picados, sal e pimenta em grão e queijo parmesão ralado.
Preparação
Preparei
a mise en place, ou seja, tudo em cima da mesa preparado, separado e dentro de
recipientes; isto de gente fina é outra coisa.
Tacho
ao lume com um fio de azeite e legumes ao interior por esta ordem: cebola,
alho, cenoura, aipo, bacon e alho francês a refogar mas em lume lento e com o
testo no tacho justo para amolecerem. Logo adicionei o tomate em concassées,
aos bocados, e a batata aos cubos, as folhas do aipo picadas e envolvi. Poucos
instantes depois juntei um litro de caldo de galinha e deixei levantar fervura
durante uns minutos. Temperei e adicionei os legumes de primavera e a massa e
deixei cozer 20 minutos aproximadamente. Servi polvilhado com queijo parmesão e
coentros picados.
Posso dizer, sem reservas, que vale a pena.
quarta-feira, 27 de março de 2013
Ratatouille com carne de porco e caril
Ao que consta a respeito deste prato
muito apreciado em França, que tanto o podemos degustar, ou como refeição principal,
frio ou quente, só ou acompanhado, remonta na sua origem ao século xviii,
oriundo da região de Provença mas tem na sua origem influências da cozinha
espanhola e italiana. O nome significa “picar” “triturar”, mas também pode ser
traduzido por “ragoût de légumes”, que é o mesmo que dizer “ensopado
ou guisado de legumes”, embora para nós, ensopado é uma coisa, e guisado, mesmo
sendo parecido no aspecto, é outra. O ratatouille é um prato que aceita na
perfeição a influência de qualquer cozinha e neste caso tomei como ponto de
partida uma receita publicada na revista francesa marmiton,
que recomendo, e à qual não resisti adicionar algo mais para ver o
comportamento do prato, e suportou a minha investida de cozinheiro amador
sempre tentado a fazer experiências como se não houvesse amanhã. Na receita
original figuravam só os ingredientes marcados com asterisco, os restantes são
da minha autoria.
Ingredientes
400 gr de carne moída *
250 gr de tomates *
1 pimentão *
1 cebola grande*
2 dentes de alho *
1 curgete *
1 beringela *
1 concombre * (pepino francês)
Azeite, sal e caril q.b.*
2 folhas de louro
1 pimento amarelo
½ pimento verde
125 gr de lentilhas
2 c. de sopa de vinho tinto bordeaux
1 bom ramo de salsa
Pimenta preta moía de fresco, sal e água
q.b.
Fiz o refogado com coma a cebola cortada
as meias luas, alho picado e o louro, adicionei a carne até fritar, juntei o
tomate limpo aos cubos e deixei apurar. De seguida adicionei os pimentos também
aos cubos e a curgete, o pepino e beringela as rodelas a salsa e os temperos.
Adicionei as lentilhas cozidas no fim. A cozedura é feita em lume brando
durante 1 hora aproximadamente.
Como disse antes, tanto pode ser
acompanhado ou não, eu provei com esparguete e recomendo.
terça-feira, 26 de março de 2013
Falsa tajine de frango com azeitonas, limão…
… e cuscuz.
A tajine é uma panela de barro com tampa cónica alta em forma de chaminé, e uma assa lateral, é originária do norte de África e usada também nos países árabes. As tradicionais são lindamente decoradas e ao retirar a tampa a base serve de prato. É próprio para cozeduras muito lentas. A indústria já os faz em cerâmica e metal.
À
falta de uma tajine, preparei o seguinte prato num tacho de fundo alto,
desconheço o sabor que se obtêm com a tajine de barro, mas gostei do resultado no
meu tacho, a seu tempo farei a devida experiência.
Devo
acrescentar, que o prato mais característico das tajines é o frango com
azeitonas e limão.
Ingredientes:
800
gr de frango, 175 de azeitonas verdes, 50 cl de caldo de galinha, 25 gr de manteiga, 1 limão, tomilho, azeite, vinho tinto, sal e pimenta q.b.
Marinada
1
cebola raspada ( isso mesmo, num raspador de queijo) 10 gr de gengibre raspado
fresco, ½ de coentros (na sua falta utilizei salsa picada), 3 dentes de alho
finamente picados, ½ limão, açafrão ,
sal, pimenta, azeite. Reservei no frio durante 12 horas.
Preparação
Num
tacho de fundo alto, adicionei um fio de azeite e 25 gr de manteiga. Fiz um
puxado em lume forte com os bocados de franco cortados normalmente até alourar.
De seguida adicionei a marinada, deixei uns minutos e cobri o frango com água, após
levantar fervura juntei o tomilho fresco ou seco, corrigi os temperos e cozi em
lume brando durante 40 minutos. Próximo do fim acrescentei um fio de vinho
tinto, só para reduzir o cheiro do gengibre que me incomoda, adicionei as
azeitonas e o sumo de meio limão. Deixei ao lume lento mais 10 minutos.
Servi
acompanhado de cuscuz.
domingo, 24 de março de 2013
Xamussas indianas...
…à
francesa.
Xamussas
em França pouco tem a ver com as que estamos acostumados a ver nos cardápios
portugueses; melhores as nossas? As diferenças estão na massa e no recheio. Nós
optamos por uma massa mais grossa de confecção manual que se mantém crocante,
resiste a recheios com alguma humidade, e resiste também a congelação da
xamussas confeccionada antes da fritura mantendo-se crocante. Em França é utilizada
a massa filo ou brick, que ao cabo de uma ou duas horas de fritas ou assadas,
ficam moles, mesmo utilizando recheios secos. Prefiro as nossas xamussas
indianas, embora mais trabalhosas.
A
receita que aqui apresento é com massa filo e o recheio é frango à tandoori e
experimentei assar no forno em vez de fritar.
Ingredientes
400
gr de frango, 3 c. sopa, de iogurte natural, 1 limão, 2 c. café de tandoori, 1
c. café paprika, 30 gr de manteiga, 20 gr de farinha, 6 folhas de maça filo, sal,
água piri-piri e azeite q.b.
Preparação
Marinada
Cortar
o frango em cubos e coloca-los dentro duma saladeira e temperar com o sumo de ½
limão, 3 colheres de sopa de iogurte, 2 colheres de café de tandoori, 1 colher
de café de paprika, polvilhar com o sal e o piripiri. Envolver bem a carne com
os temperos e deixar repousar pelo menos uma hora.
Preparação
da carne
Após
este tempo fazer um salteado em lume forte com um pouco de azeite durante dois
minutos e juntar uma colher de café (rasa) de tandoori e deixar mais uns minutos.
Refrescar com ½ limão rectificar os temperos e retirar do lume e reservar. Ao
arrefecer ligeiramente, picar os bocados de carne para que esta absorva o
molho.
Preparar
a cola
Diluir
a farinha num pouco de água para obter uma cola espessa para colar as xamussas.
Montagem
das xamussas
Cortar
as folhas de massa filo ao meio. Dobrar cada parte cortada ao meio e coloca-la
ao comprido. Pegar na ponta inferior esquerda e dobrar para o interior direito justo
a fazer um triângulo. Pegar na extremidade inferior direita e dobrar para a
esquerda; manter o bico que se forma bem fechado e com uma colher de sopa
colocar o recheio no interior da cavidade. Pincelar com a cola as extremidades da
massa e fechar enrolando sempre em forma de triângulo. Colar bem o fecho da xamussa.
No fim derreter um pouco de manteiga para pincelá-las. Colocar a xamussas numa
travessa de ir ao forno e assa-las durante 15 minutos a 170º dando-lhe uma
volta. Opte também por fritar algumas para provar a diferença.
Acompanhei
com chutney e manga e maça, receita que publicarei dentro de algum tempo quando
obtiver duas receitas diferentes equilibradas.
sábado, 23 de março de 2013
Carne de porco assada com mel e mostarda
Lá
vem este com francesismos, iram dizer, sim tem influência, mas deixo aqui um
endereço português onde podem ver receitas com mel http://www.apimel.pt/receitas.htm
Provavelmente
este tipo de experiências culinárias não corra bem as primeiras vezes,
normalmente é assim, depende das carnes utilizadas, dos tempos dos temperos e
dos gostos, aconteceu-me o mesmo, até acertar com a carne ideal. Para este
assado prefiro carne com alguma gordura, absorvem melhor os sabores.
Ingredientes
1
Peça de carne de 1kg, 2 c.s. de mel, 1 c.s. de mostarda Dijon, 1 cebola, 3
dentes de alho, azeite, sal, piripiri, pimentão doce, 1 raminho de tomilho
seco, 1 caldo de galinha 1 folha de louro, e água q.b.
Preparação
Picar
a cebola em meias luas e coloca-las no fundo duma travessa de ir ao forno. Pousar
a peça de carne no interior e temperar com os ingredientes de modo homogéneo. Deixar
uns 20 minutos a carne a tomar gosto antes de assar.
Depois,
lá vem o forno. O meu como sabem, é um forno micro ondas e dei 30 minutos de
assado a 190º por cada face, ou seja uma hora.
Acompanhei
com brócolos e batata cozida.
Gostei
do resultado e irei apresentar outras experiências com mel e mostarda.
Quanto a
fotografias, não deu tempo de as fazer.
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